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06/08/11

cartas do nunca

Muita boa noite Alguém-que-em-tempos-possuiu-o-meu-coração,


Venho por este meio comunicar-lhe que, como já Pessoa dizia, mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. É certo. O meu desejo por si veio-se alterando, ainda que de forma dissimulada. Mas mesmo que agora queira, o tempo não volta atrás. Continuamos abrigados onde o tempo está parado há demasiado tempo. Corre-nos nas veias a mágoa do passado.
Mas são as minhas veias que mais sentem saudades suas, da forma do seu toque, dos carinhos, das palavras, dos olhares. Você sabe... Aquilo que tomávamos como nosso; já não se lembra? Ah, esqueci-me que o tempo parou!... 
Lentamente, asperamente, me foi consumida a vontade de permanecer na nossa casa - o amor. É estranho, não o nego, mas você sabe que sempre fui um ser estranho, com o qual era-me respondido que primeiro me estranhou, e depois me entranhou. Lá vai o tempo... Parado ainda! Vejo agora que talvez apenas para mim, porque nunca mais recebi notícias suas. Escreva-me uma carta. Diga-me, ainda respira? Sei que sim, vejo-o uma vez ou outra à espera duma nova casa (mas lembre-se que a antiga permanece exactamente no sítio onde a deixou e como a deixou; para mais, à espera de obras de reconstrução). 
Penso que já disse tudo o que lhe tinha a dizer. Ah, é verdade? Lembra-se das paredes do nosso quarto? Ficaram sem cor!


Sem mais nada a acrescentar,
os melhores cumprimentos,
um-broken-hearted-em-outrora.

P.S. Ontem à noite fui à rua; uma noite de céu limpo. Olhei para as estrelas e lembrei-me de si.

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Diamantes.

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