Num ritmo desenfriado, numa loucura constante, em corpos onde o sol se perde, sedentos de emoção, procuro-te. Num dos dias sem fim, numa busca incessante de prazer, onde nos vergamos à nossa essência, procuro-te. Num mundo descabido do resto, onde o amor perdeu importância para o sexo, procuro-te. Num fim de tarde, longe do intenso por-do-sol, elevado a uma beleza infinita, procuro-te. Num corpo negro de fome, numa mentalidade tomada pela veemência dos estereótipos, procuro-te. Num olhar perdido na multidão, em cheiros de rosas negras, em sentidos que a nossa alma nos despoleta, procuro-te. Numa vivência que não foi, onde a introspecção te subjugou e te cremou, procuro-te. Em palavras sem sentido, em toques perdidos pela devassidão dos medos de outrora, procuro-te. Num culto do intelecto cessante, agora em busca da depravacidade de não ser o que se é, procuro-te. Num estado de embriaguez crónica, onde loucos são os sóbrios, procuro-te. Numa sensualidade erótica, num corpo seminú reflectindo paragens no tempo, procuro-te. E, numa tentativa errónea de demonstrar que sou quem sou, deixei de ser útil às tuas buscas.
E ao tanto de procurar, perdi-te.
Sem comentários:
Enviar um comentário