Vamos sentar. Vamos fumar um cigarro e falar sobre nós. Vamos baixar a guarda para que ninguém se magoe.
De cigarro aceso, enquanto falo, nem uma palavra te sai dessa tua boca. Falo para ti, com brumas de fumo entre nós, dispersando-se, esperando que elas abalem. Tudo para te ver, com olhos de sentir, com mais nitidez. Mas esses teus estranhos sentimentos que me falas(te) são como a mais estranha das lógicas - a lógica de amar. Dito então que te amo, apagas o cigarro no meu coração. Começo a arder, lentamente, por dentro, até veres a leve mágoa no meu olhar perdido e lacrimante.
Levantei-me. Chamaste-me. Agarraste-me. Pediste-me que não fosse. Temos tempo ainda, disseste tu. Neguei-te. Não te quero perder, mas não tenho armas ou poderes para lutar por quem fostes, foi a resposta que obtiveras de mim.
Sai, desarmado, à procura do passado por viver, em direcção à terra dos sonhos perdidos.
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