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07/03/13

Se eu pudesse.

E num rasgo de saudade, cortou-se ao meio o desencontro da vida. 
Estou sentado no meu cadeirão, cansado. É aqui que passo os meus dias. De Inverno, abro a janela para ver a chuva a cair. Quem me dera senti-la. Já pouco sinto. Fraco. De verão, cerro as cortinas da sala cheia de pó e de memórias. Não quero ver o sol. Cega-me. Nos meus pensamentos, recordo de quando corria livremente e sentia as brisas a tocarem-me a cara. Corria contra o vento. Nadava contra as marés. Hoje, luto contra o destino. Corro apenas nas memórias. Levanto-me quando ganho forças; vou por um vinil antigo a tocar. Vivo as ânsias do passado. De tanto que desejo, pouco consegui. Vejo lá fora a juventude a viver. E eu sentado. Eles correm. São pássaros. Eu, dentro de uma gaiola. Enclausurado. Gaiola que meu corpo é, alimento que meu corpo não recebe. As coisas mais importantes são tão simples: são coisas. Os dias parecem-me cada vez mais cinzentos, com um nevoeiro que teima em não levantar. O meu vizinho toca piano. Algo alegre, normalmente. Soa-me bem ouvir as melodiosas teclas do piano. O meu piano já não tem ninguém que o toque de tão velhas que as suas teclas estão. Vou para o quarto, arrastado pelas escadas de madeira. Fazem barulho. Chego ao quarto. O tamanho da cama é proporcional à minha solidão. Antes, fecho a porta. É noite; tudo ficou negro.

Diamantes.

driving u slow


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